Gentrificação. O que é Gentrificação?


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Londres, a transformação da cidade através da gentrificação

A melhoria das cidades, acompanhando o crescimento da riqueza, através da demolição de quarteirões mal construídos, a construção de palácios para bancos, grandes depósitos, etc., o alargamento de ruas para o tráfego comercial, para luxuosas carruagens e para a introdução dos bondes, etc., erradicam os pobres para lugares escondidos ainda piores e mais densamente ocupados. [MARX, apud FURTADO, 2014, p. 342]


A palavra gentrificação vem do inglês gentrification e foi utilizada pela primeira vez pela britânica Ruth Glass, em 1963, para relatar as mudanças da cidade de Londres. Se trata basicamente de um processo de renovação urbana de bairros pobres, com o intuito de atrair novos moradores e investimentos, gerando uma grande transformação, em especial para a população residente, uma vez que precisam deixar o local por não terem mais como arcar com os altos preços praticados devido as “melhorias realizadas”.


A necessidade de atrair visitantes, gerar empregos ou até mesmo estimular a produção cultural na intenção de aquecer a economia local são alguns dos motivos pelos quais se opta por reformar o espaço urbano existente. A questão é que, muitas vezes, junto com esses empreendimentos vem a especulação imobiliária, aumentando os valores de áreas antes empobrecidas. Embora as transformações sejam bem-vindas, elas normalmente não surgem para melhorar a qualidade de vida da população, geralmente carente, que reside no local.  


O processo ocorre de forma simultânea: ao mesmo tempo que os investimentos e reformas tornam a cidade mais atrativa, focada na classe média e alta além dos turistas, as pessoas com rendas mais baixas são excluídas do processo, mesmo estas pertencendo ao local a ser transformado. Em nenhum momento são incluídos. O que os resta é apenas a exclusão de todas as formas.  


O processo ocorre como uma “limpeza”, um verdadeiro renovo, com a certeza de que os problemas existentes no local [pobreza, falta de oportunidades, etc.] serão banidos. Acontece que os problemas não acabam, eles são simplesmente enviados para outro local juntamente com a população que não teve condições de continuar vivendo nesse espaço renovado, seja por não ter condições financeiras ou simplesmente por pressão social.


A gentrificação propaga o mito da incompetência nativa: essa gente precisa ser importada para ser importante; e que um sinal do "êxito" do bairro é a remoção dos seus residentes mais pobres. O êxito real está em oferecer àqueles residentes os serviços e oportunidades que por tanto tempo lhes foram negados. [KENDZIOR, 2014]


A gentrificação se assemelha a revitalização urbana porém a revitalização tem como característica acontecer em qualquer lugar da cidade e está ligada a uma demanda especifica da região em questão. O benefício da revitalização é para os moradores do entorno e consequentemente toda população. Em contrapartida a gentrificação ocorre com o discurso de beneficiar a todos mas envolvendo interesse privado relacionado a especulação imobiliária.


O processo de gentrificação além das diversas problemáticas já citadas contribui também com a segregação socioespacial, e evidencia que, embora seja discursado, não há um pensamento de cidade inclusiva acontecendo nas cidades, pois hoje é possível identificar o bairro bonito e rico e o bairro pobre e feio. 

Autor do verbete: Rubiene Callegario Iglesias
REFERENCIAS
KENDZIOR, Sarah. The peril of hipster economics, 2014.
FURTADO, Carlos Ribeiro. Intervenção do Estado e (re) estruturação urbana. Um estudo sobre gentrificação. Cadernos Metrópole., v. 16, n. 32, p. 341-363, 2014.














































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