Sociedade de Controle. O que é Sociedade de Controle ?
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A passagem da modernidade para a contemporaneidade acarretou a mudança do modelo de sociedade. Vista anteriormente por Focault como Disciplinar, passara a ser identificada por Deleuze [1992] como Sociedade de Controle.
As
sociedades disciplinares são aquilo que estamos deixando pra trás, o que já não
somos. Estamos entrando nas sociedades de controles, que funcionam não mais por
confinamento, mas por controle contínuo e comunicação instantânea. [DELEUZE, 1992]
O advento da
Sociedade de Controle, não anula ou extingue a Sociedade Disciplinar. Ela nasce
da combinação entre Disciplina e Biopolítica, e é caracterizada pela invisibilidade
e pelo nomadismo que se expande junto às redes de informação, é uma expansão da
Sociedade Disciplinar para o campo social de produção.
A
passagem da sociedade disciplinar à de controle se caracteriza, inicialmente,
pelo desmoronamento dos muros que definiam as instituições. Haverá, portanto,
cada vez menos distinções entre o dentro e o fora. [HARDT, in ALLIEZ, 2000]
É verificada
na Sociedade de Controle uma anti-arquitetura, fruto de um processo em que se
caminha para o mundo virtual. Ao contrário do Panóptico, presente na Sociedade
Disciplinar, onde se fazia necessário a presença do observador, na Sociedade de
Controle a vigilância é contínua, e caracterizada pela existência de câmeras por
toda parte, cada indivíduo torna-se um panóptico em potencial.
No
regime do controle, não se deve ter nada acabado, mas, ao contrário. Ele se
fortalece por meio da noção de inacabado, convocando todos a participar
ativamente da busca por maior produtividade e confiança na integração. Não se
pretende mais docilizar, apenas criar dispositivos diplomáticos de construção
de bens materiais e imateriais que contemplem a adesão de todos. [PASSETI, 2000].
Com a
consolidação das redes sociais o espaço privado passou a ser público, e as
barreiras físicas, antes limitadas pelas fronteiras do panóptico deixaram de
existir. Essas redes são um grande exemplo da Sociedade de Controle, já que esse tipo de mídia rastreia os dados de seus usuários para traçar o perfil de cada um.
No modelo
atual de sociedade a manipulação não é feita por meio do aprisionamento, mas
por meio de uma manipulação aberta, mais eficiente e menos visível, onde todo cidadão
é colaborador da manipulação feita pelo governo e pelas instituições de grande
porte. Na Sociedade de Controle a disciplina passou a ser interiorizada pelas
pessoas e introduzida pelo cidadão, que atua como parceiro do seu próprio
controle.
Os meios de
dominação são exercidos pelos meios de comunicação de forma invisível, fazendo
com que o cidadão se enquadre, se adapte cada vez mais ao estilo de vida da
sociedade. Esta nova sociedade causa a
falsa impressão de autossuficiência, o que não condiz com a realidade, já que a
população tem se tornado cada vez mais controlada, homogênea e padronizada.
Os mecanismos
disciplinares não foram extintos na Sociedade de Controle, eles se
fortaleceram, porém se tornaram menos expostos, sendo o cidadão produto e
produtor desta nova sociedade, incentivando a sua própria manipulação.
[...] Nas sociedades de controle nunca se termina nada, a empresa, a formação, o
serviço sendo os estados metaestáveis e coexistentes de uma mesma modulação,
como que de um deformador universal. [...] O homem da disciplina era um
produtor descontínuo de energia, mas o homem do controle é antes ondulatório,
funcionando em órbita, num feixe contínuo. Por toda parte o surf já substituiu
os antigos esportes. [...]. [DELEUZE, 1992]
Autor
do Verbete: Renata Nunes Brito Menezes
REFERÊNCIAS
DELEUZE, Gilles. POST-SCRIPTUM SOBRE AS SOCIEDADES DE CONTROLE Conversações: 1972-1990. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992, p. 219-226.
HARDT, Michael. A sociedade mundial de controle. In: Alliez , Éric . Gilles Deleuze: uma vida filosófica. São Paulo: Ed. 34, 2000.
PASSETI, EDSON. Texto: Anarquismos e Sociedade de Controle.Publicado no Colóquio Foucault/Deleuze-2000/Unicamp-São Paulo.