Poder. O PODER ESTÁ EM TODOS OS LUGARES



O poder está em todos os lugares. Imagem fonte desconhecida

O poder é uma das posturas mais usadas pela humanidade, e a entendemos como a capacidade de concretização das vontades de uma pessoa ou sociedade, que muito está ligado à ações de pressão psicológica para conseguir a realização de seus desejos, tais ações são efetivamente usadas para atingirem seus objetivos. É um poder massificador, dominando o outro e o outro sente-se inferior.

Alguns autores trabalham com esse tema, e cada um compreende o poder de uma maneira. Primeiro precisamos entender o significado da palavra poder, de origem do latim potere, sendo a capacidade de exercer a autoridade, sempre associada a ação que representa força, controle, peso, soberania. Michel Foucault mostra que as relações de poder estão além do domínio do Estado, estando ela desmanchada por todas camadas sociais. 

Vale ressaltar o pensamento de Foucault sobre poder, onde procurou estudar o sujeito e a autoridade sobre o outro, e não com o intuito de criar uma teoria de poder. 
Trata-se […] de captar o poder em suas extremidades, em suas últimas ramificações […] captar o poder nas suas formas e instituições mais regionais e locais, principalmente no ponto em que ultrapassando as regras de direito que o organizam e delimitam […] Em outras palavras, captar o poder na extremidade cada vez menos jurídica de seu exercício. [FOUCAULT, 1979, p.182]


A antiga visão antes de Foucault era que o poder vem de cima, como algo centralizado. O autor considerava que o poder está em todos lugares, pois não está em um local específico ou centrado em uma instituição. Essa nova forma de pensar o poder demonstra que pode haver resistência e conflito, pois nenhum poder se manteria sem ações de resistência.

“...os focos de resistência disseminam-se com mais ou menos densidade no tempo e no espaço, às vezes provocando o levante de grupos ou indivíduos, de maneira definitiva, inflamando certos pontos do corpo, certos momentos da vida, certos tipos de comportamento. [FOUCAULT, 1979, p. 92]

Seu interesse não era produzir um novo conceito, e sim trabalhar o poder como uma prática social, formada historicamente, onde ele analisa as diversas formas da utilização do poder na sociedade. Assim, além de demonstrar o que é o poder, ele indagava: 

[...] quais são, em sem seus mecanismos, em seus efeitos, em suas relações, os diversos mecanismos de poder que se exercem a níveis diferentes da sociedade, em domínios e com extensões tão variados? [...] a análise do poder ou dos poderes pode ser, de uma maneira ou de outra, deduzida da economia? [FOUCAULT, 1981, p.174].



Entende-se então através do autor, que poder é ação sobre ação, onde foram marcadas por disciplinas as relações de poder exercidas em prisões, instituições. Através dela é possível observar melhor as relações de poder, principalmente as de comando e comandado. Assim, o poder se define pela obediência e a dominação pelo seu efeito.  Uma relação de poder é a ação que não age direta e imediatamente sobre os outros, mas que age sobre sua própria ação [FOUCAULT, 1995]. O poder então proporciona que em uma sociedade alguns indivíduos estejam agindo pela ação de outros. 

“O exercício do poder disciplinar não mobiliza grandes procedimentos, complexas estratégias, mas atua por meio de instrumentos comuns, como: a vigilância hierárquica [no sentido de se poder enxergar a tudo e a todos, estabelecendo uma rede, onde todos são observados], a sanção normalizadora [existência de uma modalidade punitiva, na qual os mínimos atos desviantes do indivíduo sejam passíveis de penalização, via correção ou punição] e o exame [caracterizado por permitir uma alta visibilidade do indivíduo, intensifica sua individualização mediante sua descrição pormenorizada, destacando suas diferenças frente aos demais sujeitos].” [MARQUES, 2006, p. 7]

A mais importante concepção de Foucault é a de biopoder, entendendo que o poder não existe através do exercício do poder, em que os estados modernos controlam a massa. Que está ligada regularização biológica.  Sobre biopoder, Foucault diz: 

[...] essa série de fenômenos que me parece bastante importante, a saber, o conjunto dos mecanismos pelos quais aquilo que, na espécie humana, constitui suas características biológicas fundamentais vai poder entrar numa política, numa estratégia política, numa estratégia geral de poder. Em outras palavras, como a sociedade, as sociedades ocidentais modernas, a partir do século XVIII, voltaram a levar em conta o fato biológico fundamental de que o ser humano constitui uma espécie humana. É em linhas gerais o que chamo, o que chamei, para lhe dar um nome, de biopoder. [FOUCAULT, 2008, p.3]

Assim, o biopoder nasceu através da preocupação com a população em relação a saúde do ser. Assim, foi criado uma política de policiamento, fatores que possam ameaçar a vida dos cidadãos. São medidas para ter o controle da natalidade e mortalidade, sendo um dos mecanismo do biopoder. 

Autora do verbete: Thaíssa da Cunha Fugolin

REFERÊNCIAS
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
MARQUES, A. M. O Conceito de Poder em Foucault: algumas implicações para a teoria das organizações. III CONVIBRA, 2006.

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