Sociedade de Consumo


Vamos a poner la vista en la vida real....
Sociedade de Consumo. Autor desconhecido.

Em uma perspectiva mais abrangente, a chamada sociedade de consumo corresponde à fase mais contemporânea do capitalismo. De acordo com Jean Baudrillard, sociólogo e filósofo francês, este termo é utilizado na economia e na sociologia para caracterizar qualquer sociedade que esteja em uma etapa avançada de desenvolvimento industrial capitalista, configurando-se pelo consumo massivo de bens e serviços, disponíveis a partir da produção excessiva destes.

Apesar de ser um termo referente à sociedade contemporânea, o consumo e a produção são atividades que acompanham o trajeto da humanidade, o que sustenta as controvérsias existentes relacionadas à origem desta sociedade. Com a Revolução Industrial, o antigo método produtivo artesanal, feito em pequena escala e apenas para subsistência, passou a ser realizado por máquinas, transformando o homem não apenas em um ser produtivo de massa, mas também em um potencial consumidor dos bens que ele passa a produzir. [BARBOSA, 2010]

A partir disto, criou-se um ciclo produtivo, em que o indivíduo não mais consome apenas para suprir suas necessidades reais, mas, também, para atender as suas necessidades sociais. A ação midiática e as campanhas publicitárias são uns dos maiores fomentadores deste consumo, produzindo nos consumidores a sensação de que estes só podem atingir a felicidade se obterem determinado bem ou serviço. Os indivíduos que não se encaixam nesse padrão consumista são chamados de inválidos, sendo excluídos dos grupos socialmente aceitos.

Assim, o consumo é estimulado pelas mudanças constantes dos desejos individuais das pessoas – que passam ser desejos em massa: a cada nova ânsia, abre-se uma nova chance no mercado de consumo e, consequentemente, mais uma oportunidade para consumir.  Cria-se uma sociedade baseada em relações de consumo:

Pode se dizer que o “consumismo” é um tipo de arranjo social resultante da reciclagem de vontades, desejos e anseios humanos rotineiros, permanentes e, por assim dizer, “neutros quanto ao regime” transformando-os na principal força propulsora e operativa da sociedade, uma força que coordena a reprodução sistêmica, a integração e a estratificação sociais, além da formação de indivíduos humanos, desempenhando ao mesmo tempo um papel nos processos de auto-identificação individual e do grupo, assim como na seleção de execução de políticas de vida individuais. O “consumismo” chega quando o consumo assume o papel-chave que na sociedade dos produtores era exercido pelo trabalho. [BAUMAN, 2008]

A agilidade em que a sociedade de consumo se intensificou cria um sentimento de insatisfação na vida das pessoas que passam a sentir necessidade em obter objetos que, em um primeiro momento, seriam inúteis. Essas mesmas pessoas sequer se imaginam inseridas nesse mercado consumista, sentindo-se meras coadjuvantes no cenário. Ao se colocarem num papel de inferioridade, transformam-se em massa de manobra, manipuladas pelas grandes massas que comandam o capitalismo.

Bauman [2008] afirma que “os membros da sociedade de consumidores são eles próprios mercadorias de consumo, e é a qualidade de ser uma mercadoria de consumo que os torna membros autênticos dessa sociedade.” A sociedade de consumo classifica seus membros pelos bens e serviços que adquirem e utilizam. Massificando-se o consumo, criam-se grupos, movidos pela opinião alheia, com preferências semelhantes, porém sem vínculos reais, excluindo e repelindo aqueles que não compartilham dos mesmos interesses. Criam-se relações vazias e formais.

A sociedade de consumo prospera enquanto consegue tornar perpétua a não-satisfação de seus membros (e assim, em seus próprios termos, a infelicidade deles). [BAUMAN]


Autora do verbete: Eliza Hollenstein Gomes


REFERÊNCIAS
BARBOSA, Lívia. Sociedade de consumo. 3ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. B341v. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.

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